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18.09.21

SETEMBRO MÊS DOS GAÚCHOS

 

O mês mais festejado pelos gaúchos, dissemina o orgulho e amor a tradição gaúcha. A Revolução Farroupilha, também conhecida como Dia do Gaúcho é comemorada no dia 20, suas festividades estão dentro da Semana Farroupilha que ocorre anualmente de 13 a 20 de setembro. 


Essas celebrações são uma homenagem a um dos episódios mais importantes da história gaúcha: a Revolução Farroupilha, também conhecida como a Guerra dos Farrapos, que iniciou em 20 de setembro de 1835 e terminou em 1º de março de 1845.


A Revolução Farroupilha foi uma das revoltas de caráter republicano contra o Governo imperial do Brasil que eclodiu na província do Rio Grande do Sul. Ela ganhou notoriedade por ser a mais longa rebelião do período regencial no Brasil, foram 10 anos. A principal causa foi a insatisfação dos estancieiros gaúchos com a política fiscal do governo brasileiro, o caráter separatista almejava mais liberdade comercial e política. O nome deve-se aos farrapos que vestiam. A guerra teve seu fim decretado com um acordo de paz entre os envolvidos.


Durante a semana Farroupilha, ressaltam-se os costumes típicos do povo gaúcho, são realizadas festas nos CTG’s (Centro de Tradição Gaúcha), acampamentos, apresentações musicais, elaborados diversos pratos típicos e evidenciado a indumentária, denominada pilcha gaúcha.


E para falar mais sobre tradição, trouxemos dois gaúchos especialistas no assunto: Ederson Pelin - Gerente de Serviços da Brasdiesel Vacaria e Jardel Bealozourw Franco – Mecânico de Motores  da Brasdiesel de Ijuí. 

 

Criado no campo, Jardel conta que desde cedo a tradição esteve presente na sua vida, seja nos afazeres da lida do campo, como ajudar o seu pai a cuidar dos cavalos, até as participações das festas de CTG e rodeios, costumes que mantém vivos até hoje. Nos eventos Jardel não dispensa o uso da pilcha, a vestimenta composta por camisa, bombacha, guaiaca, bota, espora, chapéu e lenço. E também recebe nos dias frios a pala e poncho.


E por falar em lenço, ele explica 3 tipos de amarrações e seus significados:  O nó quadrado no lenço é um nó getulista em homenagem ao nosso antigo Presidente Getúlio Vargas. O nó separado, indica que o peão está solteiro, já o nó em cruz utiliza-se para cerimonias religiosas. 

Jardel Franco acompanhado de suas duas filhas Gabriela e Isabely na fazenda da família.

 

Jardel também fala sobre o gosto pelo chimarrão, bebida típica do sul do país, que está presente diariamente na vida de muitos gaúchos. O símbolo da tradição gaúcha, legado deixado pelas culturas indígenas é composto por uma cuia, bomba, erva-mate e água quente. Jardel explica que para o seu preparo é necessário uma erva-mate de boa qualidade e a temperatura certa da água, que não pode estar fria e nem fervida, senão ocorre o processo conhecido pelos gaúchos de “lavar a erva”.

 

“O Chimarrão representa a cultura, hospitalidade e amizade. A roda de chimarrão aproxima as pessoas, além de ser um grande companheiro nos passeios.”  A pandemia, não impediu o costume, o hábito continua, porém, cada um com sua cuia.

 

E como não podia faltar, Jardel  destaca o prato típico, que todo gaúcho adora, um bom churrasco. Um dos seus pratos prediletos, e principais da culinária gaúcha, o técnico cita alguns cuidados que se deve ter na hora do preparo: “A primeira etapa, muito importante, é a escolha da carne, que deve ser de qualidade. Já o segundo passo é ter facas bem afiadas para o corte e o seu único tempero deve ser o sal grosso. A carne deve ser assada em fogo feito com boa lenha, e o ponto de servir depende da preferência de cada um, mas a carne deve estar macia e suculenta”. 

 

O prato típico representa a  união, principalmente nos almoços de domingo ou em datas especiais, reunir a família, os bons amigos e saborear um delicioso churrasco, compartilhando bons causos não tem preço.


“Tenho orgulho em ser gaúcho, faço parte de um povo trabalhador e guerreiro, mantendo as tradições que nossos antepassados nos deixaram. É de grande importância cultivarmos a tradição gaúcha, para que não se perca a cultura da nossa terra, temos que dar continuidade, passando os hábitos e a cultura para as futuras gerações.” Finaliza Jardel.

 

 

Para Ederson Pelin, o interesse pelo tradicionalismo surgiu desde a infância, onde teve o incentivo da família para ingressar na invernada artística do CTG Tronco do Ipê, localizado na sua cidade de origem - Ipê no interior do Rio Grande do Sul. Lá concluiu as atividades da artística passando para a campeira (laço).

 

Atualmente Ederson juntamente com a esposa Emanuela e a filha Ana Clara, frequentam o CTG Tio Carlo na cidade de São Marcos, onde residem. O CTG é formado por um grupo de cerca de 140 participantes, divididos entre invernada mirim, juvenil, adulta, veterana, agrupamento Biriva e Patronagem. 

 

Ederson explica a importância do CTG na sua vida: “No CTG valoriza-se a família, além de ser o centro das tradições gaúchas ele é também um encontro de gerações. Lá pais, filhos e avós juntos procuram manter vivo os costumes e os valores como o respeito, a união o amor, a lealdade e a honestidade, que sustentam a família e a sociedade”.

 

Ederson Pelin acompanhado de sua filha Ana Clara e sua esposa Emanuela.
Rudi Junior, divulgação.

 

É através da dança que o colaborador e a família cultuam a tradição gaúcha. Nos ensaios semanais a família participa da invernada – grupos de danças divididos por idade.  Nas competições de danças artísticas dos rodeios, cada invernada é integrada por casais que dançam uma sequência sorteada de danças. Dentre as competições Ederson e a família participam da Fedagan, Fegaserra e rodeios. No ano de 2021 devido, a pandemia, o Fedagan foi realizado de forma virtual.

 

Ederson também participa do Agrupamento Biriva que é uma representação de danças/brincadeiras (sapateadas ou não) coreografadas somente por homens, em função do tipo de profissão que desempenhavam (tropeiros), antes dos surgimentos de vilas e dos imigrantes no Rio Grande do Sul. Essas danças trazem em suas coreografias um misto de virilidade, bravura, força e contato com a natureza, apontando para um gaúcho original.

 

“Acredito que o convívio no CTG é fundamental, além da amizade com pessoas que buscam resgatar o tradicionalismo, notamos que a família fica mais unida. Há muito respeito entre as pessoas e fortes laços. Para a educação da nossa filha isso é muito importante.”

 

Ederson comenta que no CTG não há distinção de cor, raça e classe social. “Somos todos iguais, unidos com um propósito maior, o resgate da nossa cultura gaúcha.”
 

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